terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A vida sexual das mulheres



A empresária Rosana Souza:
medo de magoar os namorados

A vida sexual das mulheres


É curioso notar que não se trata de um fenômeno nacional. Levantamentos produzidos na Holanda e nos Estados Unidos – líderes mundiais em estudar o assunto – mostram que 40% das mulheres estão muito insatisfeitas com sua vida sexual. Diante dos dados, indaga-se: afinal, o que impede a mulher de chegar ao prazer? "Em geral, ela própria", afirma a psiquiatra Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, autora da maior pesquisa sobre sexualidade já feita no país. "Até hoje, ela não procura saber o que lhe dá satisfação, não se expõe, não procura entender o que se passa com ela. Ser informada só na teoria é a mesma coisa que nada", diz.
Os desafios da nova geração que ainda
está longe de se satisfazer na cama

Alexandra Gonzales

Durante muito tempo atribuiu-se à educação rígida e aos severos padrões de comportamento a insatisfação das mulheres com sua vida sexual. Pensava-se que, por serem reprimidas, fingiam orgasmo e tinham dificuldade em atingir o prazer na cama. Pois essa idéia não se sustenta mais. A novíssima geração de mulheres foi criada viajando com os namorados, dormindo na casa deles, conversando com os pais sobre o uso de preservativos e gravidez. E, mesmo assim, elas engrossam as estatísticas sobre a dificuldade de se satisfazer debaixo dos lençóis. De acordo com uma pesquisa do Instituto Vox Populi feita a pedido de VEJA, a maioria das jovens solteiras e casadas já fingiu prazer para agradar a seu parceiro. E mais: grande parte das mulheres delega o controle sobre sua vida sexual ao homem. É ele quem escolhe a hora, o local, a freqüência e mesmo a duração da relação sexual.

A pesquisa de Carmita Abdo revelou que menos de 10% das jovens sentem prazer no início da vida sexual. A razão é que a maioria, ao contrário dos meninos, ignora os meandros sobre como chegar lá. "É comum ver famílias conversando sobre o uso de preservativos na hora do jantar, mas vai ser difícil achar algum pai ou mãe com coragem para debater a importância das preliminares. Sexo ainda é um supertabu", afirma o psicanalista paulista Ronaldo Pamplona da Costa. Em geral, as fontes de informação continuam sendo os livros especializados em tirar dúvidas sobre sexo e as amigas. Os especialistas dizem que os livros ajudam muito, mas o autoconhecimento e o diálogo com o parceiro são fundamentais na busca da sexualidade.
Nos últimos anos, processaram-se mudanças relevantes e irreversíveis na vida da mulher. Sabe-se que os avanços coletivos, como as conquistas para se igualar aos homens no mercado de trabalho, foram muito mais eficientes que o que se obteve no âmbito individual. A diferença é que, quando se trata de sexo, um assunto particularíssimo, não existe uma postura previsível ou exata. Tudo depende de cada um. Não interessa muito se sua mãe pregou o amor livre ou se foi interna em um colégio de freiras. Dificilmente, nesse departamento, assume-se um comportamento com base no que se leu ou se viu sobre o assunto. É por isso que diante de levantamentos minuciosos sobre o tema é comum deparar com questões aparentemente ultrapassadas.
De acordo com a pesquisa do Vox Populi, a maioria das mulheres diz ficar constrangida quando tem de falar sobre suas preferências com o parceiro, mesmo nos casos de relações estáveis e duradouras. A principal razão, segundo disseram, é o temor de parecer vulgar. "Eu sempre tive vergonha, medo talvez de ouvir a pergunta: 'onde você aprendeu isso?'.", relata a advogada brasiliense Anita Chamma, de 29 anos, que freqüentemente falava de sexo com a família. "Sou ótima teórica. Com os namorados, travo", diz.
É verdade que alguns homens encaram o assunto de forma preconceituosa. "Aquela que experimenta sua sexualidade, que assume seu orgasmo, ganha a alcunha de fácil e outros adjetivos menos elegantes criados por homens e pelas próprias mulheres", afirma a socióloga mineira Agenita Ameno, autora do livroCrítica à Tolice Feminina. A empresária paulista Rosana Martin de Souza, de 29 anos, passou pela experiência algumas vezes. "Já fingi orgasmo muitas vezes. Confessar isso a um namorado poderia ser interpretado como um fracasso dele. Eu nunca quis humilhar ninguém", afirma. É curiosa, se não estarrecedora, a quantidade de mulheres que adotam postura semelhante. Elas preferem passar por cima de sua realização sexual a desagradar ao parceiro. Para o terapeuta paulista Eduardo Ferreira-Santos, do Hospital das Clínicas, isso ocorre por razões que vão da carência feminina por um relacionamento estável ao medo de que, se ele não conseguir agradar-lhe na cama, irá buscar outra para fazê-lo, colocando em risco seu casamento ou namoro.
Outro motivo de frustração acontece quando o homem quer manter uma relação sexual, mas a mulher não. Diante dessa situação, elas dificilmente desapontam os companheiros. Na pesquisa do Vox Populi, as mulheres contam que um eventual "não" da parceira pode funcionar como uma carta branca à traição. "Elas supõem que o companheiro vá pensar que não querem se relacionar porque já se satisfizeram com algum outro", comenta Carmita Abdo. Em sua pesquisa, dentre os 3.000 entrevistados, 70% das mulheres não tomam iniciativa para o sexo e esperam ser abordadas pelo parceiro. "O que está faltando é mais sexo oral, ou seja, mais conversa entre os parceiros", diz Carmita.






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